Uma viagem pela República

Autocarro do Centenário conduz passageiros pelos locais mais emblemáticos da revolução republicana

Por Ana Sanlez

 É nos Paços do Concelho que começa a jornada pelos caminhos da revolução. O local onde às 9h00 da manhã do dia 5 de Outubro de 1910, foi oficialmente proclamada a República por José Relvas, é provavelmente o ponto mais simbólico do percurso feito pelo Autocarro do Centenário.

A iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Lisboa e da Companhia Carris de Ferro de Lisboa tem como principais objectivos impulsionar o potencial histórico e turístico da cidade, assim como “tornar a história viva, aproximando-a das pessoas”, como refere a técnica superior da Hemeroteca Municipal de Lisboa e uma das guias do autocarro da Carris, Elisabete Rocha.

Seguindo pelo Terreiro do Paço até ao Chiado, a passagem pelo Hotel L’Europe revela o “quartel-general durante as horas da Revolução, desde a manhã de 4 até às 7 horas de 5”, segundo as palavras de José Relvas. Foi na janela mais alta do hotel do Chiado, com vista privilegiada para o Tejo, que os revolucionários aguardaram o desembarque dos marinheiros, que abririam fogo sobre os ministérios do Terreiro do Paço.

Passando pela Estação do Rossio, “local estratégico muito protegido pelos monárquicos”, como explica Elisabete Rocha, o autocarro segue viagem pela Avenida da Liberdade até à Rotunda, hoje conhecida como Praça Marquês de Pombal. No palco principal da revolução de 5 de Outubro, juntaram-se militares e civis, comandados pelo comissário naval Machado dos Santos, o “herói da rotunda” que impulsionou a resistência vitoriosa das forças republicanas.

O percurso do Autocarro do Centenário avança até ao Quartel de Campolide, seguindo-se o Quartel de Campo de Ourique, onde se iniciou de facto o movimento republicano, através do Regimento de Infantaria 16, o primeiro a juntar-se à causa republicana. É ainda em Campo de Ourique que se pode observar a lápide que assinala o local onde rebentou a granada que marcou o início da revolução.

Quase no termo do circuito pela história da Lisboa revolucionária do início do século XX, dá-se a passagem pelo Quartel do Corpo de Marinheiros de Alcântara, que é precedido ainda pelo Palácio das Necessidades, onde se encontrava o rei D. Manuel II, que fugiu no mesmo dia para o exílio, após os bombardeamentos por parte da Marinha ao Palácio Real.

O último ponto do roteiro contempla a visita à exposição “Viva a República! 1910-2010”, presente na Cordoaria Nacional, todos os dias, das 10h00 às 18h00, até ao mês de Dezembro. Durante uma hora, os visitantes são transportados para um completo retrato político, social e económico do Portugal da Primeira República, até ao ano de 1933, aquando do começo do regime do Estado Novo. Um vasto acervo da história de Portugal está presente em vídeos, documentos oficiais e recriações em tamanho real, como é o caso da reprodução das condições das trincheiras da I Guerra Mundial ou do simulador da travessia sobre o oceano Atlântico, feita por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Até ao dia 31 de Outubro,  a viagem no Autocarro do Centenário, de entrada gratuita,  está aberta ao público durante os fins-de-semana, com viagens às 11h00 e às 15h00, estando no entanto sujeita a inscrição prévia, através da Hemeroteca Municipal de Lisboa.

Deixe um comentário